A falta que eu sinto de você é tão contundente quanto uma faca que corta a pele, que perfura a carne e faz sangrar o corpo. É como estar tão perto e tão longe do sol. Como se os raios jamais fossem suficientemente quentes para entregar ao corpo a sensação de bem estar e de aconchego que eu preciso.
No momento em que você está ao meu lado é também o momento em que eu me sinto mais sozinha, mais perdida e confusa. A sua presença me faz ter surtos e delírios passageiros. Enjoos, desejos, pequenos surtos, grandes dores e alguns espasmos que eu, com alguma prática, até que aprendi a disfarçar e a controlar muito bem. Mas sei lá, se um dia quiser ter certeza, só repara. Repara na desconexão do meu sorriso com meus olhos; na minha voz gritando no silêncio que eu não estou bem e que a qualquer minuto, qualquer dia, você vai acabar me matando com esse excesso de você.
Do seu lado eu me sinto menor, um pequeno grão de areia, vulnerável, insosso, incapaz, incolor, menosprezado e finalmente, rejeitado. Quando sinto o seu abraço, é como me atirar em um abismo do limbo, onde o fim é exatamente a eternidade da queda na escuridão. Com você, são sempre tiros no escuro que de um modo ou de outro voltam à partir meu coração e me deixar à mercê dessa falta, dessa necessidade que eu desenvolvi de você, sabe?
Eu teria ido embora se você pedisse sinceramente sabe? Se você de uma vez por todas pudesse ter a coragem de dizer que eu não te faço bem e que a gente vai acabar matando um ao outro com todo esse sentimento inacabado, incompleto, depositado de modo errado em alguma esquina do meu coração. Eu juro que por você, eu teria recolhido da a minha esperança, todos os cacos da minha felicidade e todo esse amor doentio, colocado tudo em uma pequena sacola de panos e ido embora. Não sei bem para aonde, mas à uma distância segura de nós. Do que nos tornamos, do que somos, do que estamos.
O seu problema é gostar muito mais de nós do que de mim. E o meu problema é gostar muito mais de você do que de mim. No final das contas o saldo está sempre negativo. E a gente finge, a gente tenta fingir que tudo bem porque no mês seguinte a promessa é destinar o valor da dívida ao lugar certo, mas nós não somos assim e os juros vão nos consumindo a cada minuto um pouquinho mais.
Eu tô sentindo a sua falta enquanto você senta ao meu lado no cinema. Sinto a sua falta enquanto você me puxa para dançar, quando jantamos ou tomamos café juntos. Quando você dobra a esquina e sorri para mim, quando sua boca toda minha pele, quando suas mãos percorrem as minhas, quando os nossos olhos se tornam apenas um e um riso bobo enche o ar de uma falsa alegria.
Eu sinto a sua falta porque eu tô doente de você.
Olha, se você pedir... eu vou embora. Mas eu tenho uma mania de querer curar uma dor com outra dor então, me conhecendo, eu acho que vou ficar mais um pouco. Vou sentar, tomar um café e deixar seus outros amores brincarem comigo e com meu peito que já está até inchado de tanto prender a respiração.
Eu sinto sua falta... mas não quero que você fique. A gente sabe. A gente sempre soube.
A gente precisa aceitar.
Deu embrulho no estômago, Nathy! Ai ai... minha performance será em breve também. Com muita dor, muita saudade, lágrimas e soluços, talvez até sangue, bem vermelho mas com cheiro de vômito, expurgarei tudo até que não sobre nada, nadinha. Depois, vou juntar o pó com (um cartão de crédito?) uma pazinha (ironia?) bem simples e começar a reconstrução.
ResponderExcluir