Não sei o que dizer. Na verdade eu não deveria saber o que dizer, afinal. Eu deveria saber. Deveria ter pensando e ter planejado isto. Cada maldito detalhe, cada mínima possibilidade que pudesse me romper, que pudesse se infiltrar. Poderia ter sido previsto. A única coisa com a qual não contava era com você. Daqui a exatamente oito dias a sua voz vai entrar em minha mente, penetrando cada ferida, cada pequena parte de mim que você fez questão de rasgar. Os meus planos irão todos fundir-se com a sua verdade e em pouco tempo eu estarei dominada por algo que não sei como e não sei de onde vem e me arrebata para longe, para três anos e onze meses atrás, quando tudo era azul e o sol brilhava dentro de mim espontaneamente. O que me pergunto na verdade é: eu deveria saber que você me traria tanta dor?
Te pergunto e você diz que só sei te culpar. Mas depois de tanto tempo consegui refletir mais tranquilamente sobre. A culpa é algo que não existe. Diante de tantas razões que procurei encontrar para tudo, para mim, para você, para nossas vidas, de repente eu me perguntei e se “tivesse de ser”? E se fosse isso mesmo? E o que teria acontecido se não tivesse sido você? Tento me recordar de algum vestígio de mim antes de você, e com a mais franca sinceridade nada me vem à mente. Não quero mais falar sobre isso agora. Ainda me censuro pelo teu gosto. Sei que odeia quando começo, e eu odeio começar algo que você odeia, de fato. Mas eu preciso. O que queria que você entendesse, ou ela entendesse é que eu não culpo ninguém. Mas odeio o que aconteceu.
Quando me deitar, as tuas mãos acariciarão o meu rosto e eu sentirei vontade de sorrir. O cheiro da sua pele empreguinará os meus sentidos como se me acorrentassem a ti. E você me mostrará aquele filme que costumava nos divertir. E eu não sei se poderei secar toda a água desta casa, porque chove quando você está aqui. Chove tão forte que não posso ouvir a minha razão. Então eu adormecerei e sonharei com você. E quando acordar estarei completamente vestida com tua dor, de fato será o seu plano? E então, finalmente o meu inferno começará. Mais uma vez. Eu sei.
“Vozes alheias a mim sussurram coisas que sinceramente não entendo e não quero entender. Elas me dão medo. O meu coração dói, como se alguém pudesse segura-lo com a própria mão e apertá-lo até que pudesse parar de pulsar. O sangue em minhas veias corre tão rápido que não consigo lembrar de como é respirar. Minhas pernas não me obedecem e o cansaço do meu corpo também não me ajuda. Algo que está em minha barriga sobe com força por dentro de mim e então percebo que são lágrimas, as quais jurei nunca mais derramar. As quais em cada uma delas, um sorriso teu vai embora, um ‘eu te amo’ perde o rumo, pequenos pedaços de mim se dissolvem e mais uma vez umedecem minha pele. Os gritos então saem, desesperados, atormentados, implorando para sair daquele pesadelo, rogando a alguém, se este alguém existir em algum lugar, para que isto passe logo. As horas passam e dos dedos se contorcem como se cargas elétricas fossem descarregadas incansavelmente naquele corpo. E quando mais nada enfim funciona, as lágrimas secam, os gritos cessam, e o desespero desaparece apenas aparentemente. (...)”
E neste ponto, eu preciso de você, aonde quer que você esteja, eu deveria saber! Mas preciso que me salve, me tire deste lugar, me diz que aquelas palavras não saíram da sua boca e que os pesadelos passarão quando nós acordamos. Quando me deitar, inexpressiva, saiba: a guerra começou mais uma vez, porém muito pior, uma vez que ela se fundiu ao tempo e agora acontece dentro de mim.
“(...) Os olhos percorrem meu quarto de um lado para outro vendo sem enxergar. A dor? Ainda está lá. Dilacerando o que um dia pensou ser um lindo sentimento. Um saudável coração. E o maldito tempo passa tão arrastado que dá impressão de que gosta, de que sorri ao ver. Contudo, ele passa. E não deixa nada além de ruínas. E depois de quase duas luas sem voz, a única coisa que consigo dizer é: eu nunca mais voltarei a amar ninguém. Porque o amor, não existe.”
Percebe? Não existe culpa. Depois disso, é a velha história, que nunca fiz questão de te contar. O nome disso, não é amor. O nome disso não é ódio, e muito menos indiferença. O nome disso é vontade. De poder ter feito diferente. Depois disso, eu me reconstruo a custa da esperança, de que um dia você saberá que quando chove, eu choro.
Ao me deparar com a densidade das palavras que de teus lábios ecoam, fico a pensar no que dizer, no que comentar. quais os motivos mais profundos que influenciam na decisão, que movida por ganas não claras a mim mesmo, fazem com que queira ir ao encontro de tua complexa, mas ao mesmo tempo próxima e humana verdade. Sinto-me atraído, num desejo ardente que me impele; Buscar-te.
ResponderExcluirSejas feliz ó minha querida, que eu, pobre aprendiz de peito ardente, que ao sorver teu leite, sinto-me inebriado e nutrido, ao compreender minha própria condição.
Faz-me feliz, faz-me viver.
Algumas dessas palavras parece que saem da minha voz ao mesmo tempo que sai da tua, parecendo criar uma harmonia musical, dolorosa, sentida, pesada e, surpresamente, esperançosa. Os gostares parecem tão diferentes aos olhos dos apáticos dos que deles não participam, e até dos próprios "gostantes" - que acham que seus gostares valem mais do que os alheios - mas quando há uma expressão de um apenas parece que as diferenças se dissipam, somem. Tudo é identificável, ou a grande maioria. Foi assim que me senti lendo esse lindo texto: "identificável". Tami
ResponderExcluirEu já tinha escrito aqui, mas sumiu o comentário... Pois bem, vamos lá, agora que o texto é seu eu vou comentar... A dor ela permanece enquanto nós permitimos e muitas vezes nã só damos espaço pra ela como permitimos que ela cresça ainda mais... Quanto o amor, talvez tenha razão, talvez ele nao exista ou talvez nao se repita... Quem sou eu pra falar sobre esse assunto né. Se cuide. Bjo
ResponderExcluirVocê, me dando razão? Haha, ok. Estranho, muito estranho.
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