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Mostrando postagens de junho, 2014

18 dias de Junho

Um dia, sete horas, vinte e três minutos e quarenta e dois segundos. É segunda feira. Aquelas típicas, com gosto amargo e céu cinzento. Cenário comum em uma cidade maluca como São Paulo. Eu preciso trabalhar, mas ainda falta muito tempo para sair de casa. Então eu sento na cama e começo a pensar aceleradamente em coisas que possam tomar o meu tempo até lá, já que sei que se deitar agora não me trará o sono de novo e só vai tornar uma máquina de imagens suas em movimento. Então acho que é uma boa ideia começar uma faxina em meu quarto. Pés no chão gelado, luzes acesas, janelas abertas e a playlist de músicas de balada no último volume. Cinco dias, doze horas, trinta e seis minutos e dois segundos. Todos estão animados dentro do ônibus. Seus semblantes denunciam que hoje provavelmente é o melhor dia da semana para todo mundo: hoje é sexta feira. Meu estômago está doendo. Sinto como se meu corpo fosse uma folha de papel dentro daquela máquina de chacoalhar. Tento me manter em p

Ela

Tem pouco tempo que eu comecei a fazer as coisas sozinho. Coisas bem bobas que na verdade eu nem lembrava mais como funcionavam depois que você apareceu por aqui. Uma delas era ir ao cinema. Essa semana por exemplo, eu tava ali na Avenida Paulista e deu vontade. Entrei, comprei um ingresso e esperei uns 20 minutos para a sessão começar. Antes de entrar na sala, fui ao banheiro e também tomei um café. Tava frio pra cacete. Não tinha muita gente por lá, na verdade, além de mim, esperando para a sala abrir tinham mais duas idosas, uma mulher de óculos concentrada na leitura de um livro que eu não lembro o nome, e um grupo de adolescentes que provavelmente haviam acabado de sair da escola ou da faculdade e iam entrar só para dar uns beijos no escuro mesmo. Achei engraçado. A sala abriu. O atendente verificou minha carteirinha de estudante e carimbou o ingresso. Eu entrei, sentei no meu lugar e esfreguei as mãos, tava realmente muito frio naquele dia. Naquele lugar. Não demorou mui

Doente de você

A falta que eu sinto de você é tão contundente quanto uma faca que corta a pele, que perfura a carne e faz sangrar o corpo. É como estar tão perto e tão longe do sol. Como se os raios jamais fossem suficientemente quentes para entregar ao corpo a sensação de bem estar e de aconchego que eu preciso.  No momento em que você está ao meu lado é também o momento em que eu me sinto mais sozinha, mais perdida e confusa. A sua presença me faz ter surtos e delírios passageiros. Enjoos, desejos, pequenos surtos, grandes dores e alguns espasmos que eu, com alguma prática, até que aprendi a disfarçar e a controlar muito bem. Mas sei lá, se um dia quiser ter certeza, só repara. Repara na desconexão do meu sorriso com meus olhos; na minha voz gritando no silêncio que eu não estou bem e que a qualquer minuto, qualquer dia, você vai acabar me matando com esse excesso de você.  Do seu lado eu me sinto menor, um pequeno grão de areia, vulnerável, insosso, incapaz, incolor, menosprezado e