Tem pouco tempo que eu
comecei a fazer as coisas sozinho. Coisas bem bobas que na verdade eu nem
lembrava mais como funcionavam depois que você apareceu por aqui. Uma delas era
ir ao cinema. Essa semana por exemplo, eu tava ali na Avenida Paulista e deu vontade.
Entrei, comprei um ingresso e esperei uns 20 minutos para a sessão começar.
Antes de entrar na sala, fui ao banheiro e também tomei um café. Tava frio pra
cacete.
Não tinha muita gente por lá, na verdade, além de mim, esperando para a sala abrir tinham mais duas idosas, uma mulher de óculos concentrada na leitura de um livro que eu não lembro o nome, e um grupo de adolescentes que provavelmente haviam acabado de sair da escola ou da faculdade e iam entrar só para dar uns beijos no escuro mesmo. Achei engraçado.
A sala abriu. O atendente verificou minha carteirinha de estudante e carimbou o ingresso. Eu entrei, sentei no meu lugar e esfreguei as mãos, tava realmente muito frio naquele dia. Naquele lugar. Não demorou muito para o pessoal vir e se acomodar também. Um, dois, três, quatro casais se espalharam por ali bem longe das luzes. As velhinhas sentaram lá na frente e cochichavam sem parar. Tive a impressão de que elas falavam sobre uma ou outra barbaridade que viram no noticiário na noite anterior. Todos se acomodaram e as luzes se apagaram.
A bem da verdade é que eu nem li o nome do filme. Eu não sabia o que ia ver, nem quem estava no elenco, e muito menos havia visto algum trailer na internet. Na real, eu só pedi um ingresso meia para a próxima sessão. E lá estava eu, pela primeira vez em algum bom tempo, sozinho em um cinema no coração de São Paulo. Cruzei os braços e olhei para a tela.
Quando o filme acabou eu não consegui sair do lugar. Enquanto as letras subiam e as pessoas começavam aos poucos ir embora, eu me mantive ali, estático, paralisado. Sentindo como se mil e uma coisas rodassem a minha cabeça. Foi ali, naquele cinema, sozinho, paralisado, que eu me dei conta que você tinha morrido dentro de mim. Eu olhei para o lado e não encontrei nada seu, seu perfume, sua presença, seu sorriso, sua mão na minha nuca, nada. O que eu encontrei foi um reflexo do meu coração, uma miragem da minha alma me mostrando que pela primeira vez em um ano e seis meses eu estava sozinho de verdade.
O filme se chamava “Ela” e falava sobre um cara que se apaixona por uma inteligência artificial. Por algo que não existe. Quer dizer, a gente até fica na dúvida se existe ou não. O filme que eu vi, tava falando de mim, falando da gente. Pela primeira vez em um ano e seis meses eu me perguntei se a gente foi de verdade; se você realmente me amou; se estava ali e se em algum momento da minha vida, eu ia conseguir seguir sem você.
Pela primeira vez em um ano e seis meses, eu tô aceitando que você não me fez bem e que quando alguma coisa morre dentro da gente, um pouquinho de nós morre junto. Naquele dia, eu só fui embora quando a moça da limpeza me balançou e disse: “Moço. Tem que sair da sala viu? Vai começar outro filme!”. E eu tropecei até a saída. Naquele dia, eu me dei conta que eu precisava deixar você ir, e que só assim, você me deixaria também.
Não tinha muita gente por lá, na verdade, além de mim, esperando para a sala abrir tinham mais duas idosas, uma mulher de óculos concentrada na leitura de um livro que eu não lembro o nome, e um grupo de adolescentes que provavelmente haviam acabado de sair da escola ou da faculdade e iam entrar só para dar uns beijos no escuro mesmo. Achei engraçado.
A sala abriu. O atendente verificou minha carteirinha de estudante e carimbou o ingresso. Eu entrei, sentei no meu lugar e esfreguei as mãos, tava realmente muito frio naquele dia. Naquele lugar. Não demorou muito para o pessoal vir e se acomodar também. Um, dois, três, quatro casais se espalharam por ali bem longe das luzes. As velhinhas sentaram lá na frente e cochichavam sem parar. Tive a impressão de que elas falavam sobre uma ou outra barbaridade que viram no noticiário na noite anterior. Todos se acomodaram e as luzes se apagaram.
A bem da verdade é que eu nem li o nome do filme. Eu não sabia o que ia ver, nem quem estava no elenco, e muito menos havia visto algum trailer na internet. Na real, eu só pedi um ingresso meia para a próxima sessão. E lá estava eu, pela primeira vez em algum bom tempo, sozinho em um cinema no coração de São Paulo. Cruzei os braços e olhei para a tela.
Quando o filme acabou eu não consegui sair do lugar. Enquanto as letras subiam e as pessoas começavam aos poucos ir embora, eu me mantive ali, estático, paralisado. Sentindo como se mil e uma coisas rodassem a minha cabeça. Foi ali, naquele cinema, sozinho, paralisado, que eu me dei conta que você tinha morrido dentro de mim. Eu olhei para o lado e não encontrei nada seu, seu perfume, sua presença, seu sorriso, sua mão na minha nuca, nada. O que eu encontrei foi um reflexo do meu coração, uma miragem da minha alma me mostrando que pela primeira vez em um ano e seis meses eu estava sozinho de verdade.
O filme se chamava “Ela” e falava sobre um cara que se apaixona por uma inteligência artificial. Por algo que não existe. Quer dizer, a gente até fica na dúvida se existe ou não. O filme que eu vi, tava falando de mim, falando da gente. Pela primeira vez em um ano e seis meses eu me perguntei se a gente foi de verdade; se você realmente me amou; se estava ali e se em algum momento da minha vida, eu ia conseguir seguir sem você.
Pela primeira vez em um ano e seis meses, eu tô aceitando que você não me fez bem e que quando alguma coisa morre dentro da gente, um pouquinho de nós morre junto. Naquele dia, eu só fui embora quando a moça da limpeza me balançou e disse: “Moço. Tem que sair da sala viu? Vai começar outro filme!”. E eu tropecei até a saída. Naquele dia, eu me dei conta que eu precisava deixar você ir, e que só assim, você me deixaria também.
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