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Mostrando postagens de 2015

Recuar

"Do brinde restou a mentira: talvez tudo termine, sim. Em entrelinhas ou não, talvez tenha faltado dizer: amo-te e, não como os demais, que já passaram por essas minhas páginas em branco, talvez eu tenha te dado muito; talvez fosse eu quem ultrapassou as expectativas numa curva côncava, ascendente, e não esperei." Rodrigo Vignoliem Nunca havia tentado mas, desta vez, sabia que precisava demolir as paredes acústicas da alma e deixar o som dela se mesclar com a razão, que gritava e implorava por espaço. Nem sabia se queria, só sentia que precisava. De uma urgência que só se explica no inconsciente das almas inquietas, como era a dela. As palavras saiam de sua boca como pequenos pedaços de algodão mas, voltavam ao seu coração como gostas de ácido, que na dose certa causam apenas cicatrizes doloridas e permanentes. Deformam, transformam, desenham e nos pertencem. O amor não é doce? Ela vendou os olhos para não se ver no espelho. Decidiu pela primeir

Laringe

Para ouvir ao som de: Okinawa - SILVA  Sempre gostei de guardar todas as minhas coisas. Principalmente as materiais. Em especial aquelas que me remetiam à algo ou alguém. Minha mãe me chama de guarda-tralhas mesmo depois dos meus vinte anos e ainda assim, não consigo me incomodar ao ponto de me livrar destes fragmentos de lembranças. Contudo, se existe algo que não consigo guardar são sentimentos. Quem me conhece sabe da minha teoria da corda bamba. Não faço show para pouca platéia e nem gosto de andar em corda bamba. Não subo no picadeiro se não for para voar e não desço se não for para viver.  Outro dia vi um símbolo engraçado, te perguntei o que era e você me explicou que representava a nossa laringe. A nossa capacidade de não guardar as energias em nossa garganta. A necessidade de colocar tudo para fora, expressar o que sentimos mesmo que não seja tão bonito. Mesmo que não seja feliz. Eu acho que desde que me conheço, sempre fui melhor escrevendo do que falando, do que v

Carnavália

Para ler ao som de: Carnavália - TRIBALISTAS Eu juro que não lembrava mais. Não lembrava mais de tantas coisas que acho que minha mente já havia se tornando um limbo de emoções felizes. Um verdadeiro espaço escuro, onde tudo que eu achava que me fazia bem estava guardado. Coberto de poeira e um cheiro de mofo absurdo. Eu não lembrava mais qual era a sensação da luz batendo no rosto ou do vento passeando entre os fios do meu cabelo. Não lembrava também que textura tinha o som doce de uma voz agradável. Todas essas memórias empíricas haviam se perdido em um tempo frio e barulhento, cheio de tormentas de amores e dores passadas que nunca se fecharam de verdade. Nunca morreram dentro de mim. E eu não queria que morressem. Prefira que ficassem ali, se alimentando de tudo de bom que pudesse se aproximar. Preferia sentir a dor do que não sentir nada. A minha aversão pela indiferença me deixou blindada.  Você atirou uma pedra contra mim. Sua pedra atingiu meu muro de vidro e