Hoje
ela acordou e sentiu que precisava de uma vez por todas se sentir bonita.
Precisava finalmente (ou não), determinar o que iria determinar a sua autoestima.
Então ela foi ao salão de beleza, cortou os cabelos, fez as unhas, desenhou as sobrancelhas
e até se depilou. Foi tudo para ela. Cada centavo e cada centelha de
autoconfiança que depositava em si própria.
Depois
de lá, foi até uma loja de “tamanhos especiais” e usando algumas dicas de blogs
e blogueiras que lia ou seguia, montou um look que achou adequado, moderno e a
fez se sentir sensual. Na calçada seguinte, um par de sapatos fabuloso e um
perfume de tirar o fôlego de qualquer um.
Era
sexta feira e a oportunidade estava ali. Sentia-se quase renovada, como se algo
dentro dela houvesse enfim despertado e uau, em muito tempo era a primeira vez
que ela ela realmente se achou bonita diante do espelho. Sentiu-se atraída por si
mesma e repetiu “Nossa, você está maravilhosa”. E com essas palavras tomou o
rumo da noite.
Encontrou
2 ou 3 amigos e decidiram depois do barzinho que seria uma boa discotecar. Ele
estava lá. Sempre esteve e tinha a impressão de que estaria por mais um bom
tempo. Bons amigos, um papo tranquilo, fluíam com muita facilidade. A noite
estava quente e o álcool no sangue de todos animou tudo mais um pouco.
Desceram
a rua Augusta cada um com sua lata em mãos. Rindo alto e esquecendo que o dia
amanheceria dali algumas horas. Escolheram o lugar e pronto! Mais latinhas,
mais risos, dancinhas engraçadas, dancinhas sensuais. Ele continuava lá. Ela
queria que ele pudesse sentir o seu perfume, tocar em seu cabelo, notar como
sua pele estava lisa. E ele o fez. Encontravam-se na pista de dança e deslizavam-se
um no outro, mãos, braços, costas, peitos, rosto. Ela sentia como se estivesse
na beira de uma escada, faltando apenas um degrau para chegar ao céu. E de
repente ele não estava mais lá.
Quando
a consumação acabou, foi como quebrar o feitiço. As luzes não piscavam mais tão
alegremente. Ao contrário disto, elas brilhavam com uma força
insuportável. A música boa mantinha o
ambiente fervendo. E ele continuava lá. Então ela percebeu, ela se deu conta,
de que ele continuaria lá, mas não do jeito que ela esperava. As pessoas tem
esse costume absurdo de fazer promessas “de segunda-feira” querendo que o mundo
possa mudar em um estalo de dedos. As pessoas também repudiam o termo “a longo
prazo”. Ele não seria dela essa noite. Hoje ela estava se amando porque queria
ser amada, porque achou que poderia ser amada. Mas quando a noite acabou e a
carruagem virou abóbora, ela voltou a ser a gata borralheira.
E
era assim sempre. Centelhas de dias felizes. Desejos inibidas. Um “querer mais”
velado e uma vontade insuportável de ser amada.
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