Limitações. Se pudesse definir uma palavra para o que eu enxergo atualmente nas pessoas, na vida delas e no restante do mundo, usaria esta: limites. De certa forma, me sinto bastante incomodada em perceber como as pessoas são capazes de delimitar-se e traçar uma linha de “segurança” para tudo e qualquer coisa em suas vidas. Tudo é errado demais, arriscado demais, estranho demais. Quando penso nisso, penso indiscutivelmente no poliamor. A capacidade que alguém tem de amar e oferecer amor para mais de uma pessoa. O contrário de monogamia.
Há tantos anos tentam definir o amor, encubá-lo em uma definição que seja a mais apropriada, ou a mais correta e todas as tentativas falhas. Mas, uma coisa as pessoas enchem a boca para gritar com certeza: só pode existe amor entre duas pessoas. Não! Eu sei que boa parte dos indivíduos no mundo não acredita no poliamor. Não consegue entender o como alguém pode permitir “dividir” quem ama.
Muitos, costumam confundir tudo isso com “ménage” (a prática do sexo entre três ou mais pessoas), mas diferentemente do que se acredita a prática do amor em trio ou mais, não está apenas relacionada ao sexo. É, na verdade, bem mais do que isso. É sentir que o coração funciona como um tripé, que quando uma das três partes não está, fica incompleto, incomoda, desajusta. É dormir e acordar na mesma cama e ter vontade de beijar duas (ou mais) bocas e dizer “eu te amo” com a certeza de que é real, de que é tão fundo e verdadeiro como qualquer outro tipo de amor.
Outro dia, assistindo um documentário sobre o tema, ouvi uma mulher ser questionada: “Como você consegue amar os dois, igualmente, ao mesmo tempo?” e ela respondeu algo como: “Como você conseguiu amar seu pai e sua mãe, igualmente, ao mesmo tempo”. E é exatamente isto. A analogia para mim, não poderia ser mais perfeita. Você já pratica o poliamor desde que se entende por gente, e sem ter a mínima noção do que é isso.
Doar-se a uma experiência como essa pode parecer loucura, eu sei. E em muitos casos podem haver diversas teorias de como “eles” vão acabar um morrendo de ciúmes do outro e brigando e se matando e finalmente, terminando. Mas eu tenho fé neste modo de vida. E sempre achei que o problema dos outros casais era não tem a mente tão aberta a ponto de se permitir apaixonar por outras pessoas e viver isso sem restrições. Se existe algo que hoje, para mim, que define o amor é a palavra: ilimitado.
Texto publicado na Revista OUTING: Limitações
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