Vem cá, deixa eu abraçar suas costas nuas, ouvir o seu coração e conectar o meu nele só pra sentir que alguma coisa ainda bate viva aqui dentro. Deixa eu sentir seu cheiro, beijar sua pele, te apertar contra mim como se a gente fosse se fundir num só. Deixa eu acordar deitada sob o teu peito e perdida no seu braço que sempre ficava dormente quando eu insistia que tinha medo. E não faz assim. Deixa eu chorar baixinho, encolhida num canto do sofá só para você usar essa sua habilidade de me fazer sorrir e mudar de assunto como se pudesse afogar todos meus problemas e as minhas cólicas. Deixa o dia passar, o vento leve tocar os nossos cabelos e trazer aquela sensação gostosa de que o tempo ao seu lado não passa. Deixa eu chegar na sua frente, abrir a porta da casa que podia ser a nossa, e não. Não me olha desse jeito, que me desarma, me sufoca. Não grita assim, não chora. Porque eu sei que você chora quando a gente apaga a luz do meu quarto.
Não dá dois passos, não passa a porta, não atravessa a rua, não pega o ônibus, não vira a esquina, não desiste de nós. Não segue sua vida porque eu ainda não aprendi a seguir a minha sem você. Não deixa esses meses passarem como se nada mais fizesse sentido. Não deixa eu engolir seco, chorar, chorar, chorar e secar por dentro pra entender que você já não é mais meu e que "nós" já não existe pra você. Não, encontra outra pessoa e não acha que pode recomeçar com ela. Não sorri daquele jeito e não se torna tudo pra ela como você era pra mim. Vem cá, volta. Para com essa brincadeira de me abrir ao meio e me deixar o pó. Para de dizer que seremos bons amigos porque você não atende mais as minhas ligações. Não olha pra ela assim, não faz ela achar que você é aquele bobo apaixonado. Não reclama comigo por ser egoísta e por ter ciúme porque eu só não entendo, não quero entender, você estava aqui e agora está aí, tão perto, tão longe e tão utópico.
Porque quando você saiu por aquela porta, você não sabia, mas me levou junto. Porque o seu perfume ficou lá em cima da minha estante, com a tampa aberta e ele me embriaga todas as noites, porque é só assim que eu consigo dormir. E eu adoraria ter forças para te explicar como são desesperadores os meus sonhos e pesadelos, não sei se porque você sempre está neles ou porque tenho sempre a certeza que quando acordar você não estará mais lá para me dizer que "foi apenas um pesadelo". Porque eu tenho raiva dela, porque eu tenho raiva de vocês, e porque apesar de tudo eu ainda quero te ver feliz. E por algum motivo eu ainda guardo lá no fundo do meu armário, numa caixa, as nossas fotografias da gente. E porque dói tanto olhar, dói tanto lembrar. E porque eu queria tanto esquecer, tudo... tudo.
Lindo Nathy, seus textos sempre me fazem lembrar de momentos da minha vida. Alguns tristes, alguns felizes. Eu sempre termino de ler chorando ou sorrindo, e até chorando eh bom (: NUNCA deixe de passar essas suas emoçoes pro papel, divida isso com o mundo!
ResponderExcluirEu costumo dizer que escrever é a minha vida. É a forma alternativa que eu encontrei para respirar, vou escrever até não poder mais. Obrigada pelo comentário Pri, é muito boa a sensação da devolutiva, e melhor ainda saber que as pessoas se identificam, mesmo com coisas tristes. Beijo (:
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