Pular para o conteúdo principal

Birthday Invitation



Foi engraçado como eu e o Viny nos conhecemos. Porque, diferente de alguns amores não foi amor a primeira vista. Talvez tenha sido 14ª ou 15ª. Mas no final, foi amor do mesmo jeito, e continua sendo. Não é emocionante e nem extraordinário, mas o que vou contar para vocês mudou a minha vida… 

Eu não sei muito bem como começou, mas lembro de que estávamos em abril. Mês que, na minha vida, tinha dado inúmeras voltas naquele ano. Parecia que tudo queria acontecer ao mesmo tempo.
Comoumafrasequenãoéeditadacomespaçoesemfolegovocêsemataparaentenderoqueestáescrito. Como se o mundo fosse acabar amanhã e eu ainda precisasse fazer o almoço, a janta e pensar no café da manhã do dia seguinte. Então quando tudo estava quase literalmente despencando, como uma avalanche, ele parou na minha frente, impedindo-me de cair (sem saber que o fazia) e sorriu. Sorriu com a pureza que eu já havia descartado daquele lugar. Afinal de contas, eu tenho um quê pessimista mesmo.
Eu e o Vini (:
Na verdade eu só fui entender aquele gesto mais tarde, quando, cansada, cheguei em casa e lá estava: “você foi convidada para um evento”. Era o seu aniversário. Então por alguns minutos, na frente da tela que irradiava luz, eu me permiti transitar por vários os tipos de reações: alegria, dúvidas, espanto. Se tinham três semanas que nos conhecíamos era muito. E justamente por este motivo o choque cresceu gradativamente. Mas, sempre gostei de intensidade. Aliás, é um tempero que me agrada como sal: não pode faltar. A dúvida era apenas uma: ir ou não ir? Será que convidou apenas por convidar? Será? AH!
Era oficialmente a primeira vez que saia à noite sozinha para uma festa com “os amigos da faculdade”. Estava nervosa, assustada e insegura. Pior do que não te conhecer era não conhecer o restante das pessoas que estariam lá. Aquele lado da Bela Cintra é bastante inclinado e meu salto não ajudava. Os pés já estavam latejando e eu nem no meio do caminho estava. Pensei em voltar para trás, mas já estava lá, maquiada, fodida, com vontade de dançar e de beber… então QUE SE FODESSE O RESTO. Desci.
O lugar era azul. Mesma cor dos olhos dele. Na porta, o segurança me pediu o RG e confirmou a idade que eu na verdade só completaria dali a sete meses. Na hora entendi como sorte, mas hoje acredito que foi um sinal. Entrei com medo de não te achar, porém o lugar era pequeno e você logo gritou: “Naaaaath”. E sorriu daquele jeito de novo. Me abraçou e desconfiou: “Você veio!”.
O seu perfume nunca mais saiu da minha cabeça desde aquele dia. E foi lá, naquele momento, que eu tive certeza: vai ser pra sempre.

(Publicado em: Revista Outing)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ansiedade, pela última vez

I got a fear, oh in my blood She was carried up into the clouds, high above If you’re there I bleed the same If you’re scared I’m on my way If you runaway, come back home Just come home Não, você nunca me viu falando sobre ansiedade publicamente, nem mesmo escrevendo sobre ela (ou só não estava atento o suficiente). Apesar disso, esta será definitivamente a última vez.  Você pode não ter percebido; passou pela sua mente mas, ao mesmo tempo, foi tão rápido que nem merecia atenção. Mas eu tenho certeza que se perguntou por qual motivo não aceitei o convite para tomar uma cerveja. E estranhou quando, não mais do que do nada, o meu humor mudou da água para o vinho e o clima simplesmente se transformou em algo indigesto. Eu também percebi o seu incômodo quando perguntei várias vezes coisas que, para você, talvez fossem óbvias e em alguns momentos até chatas. Hoje, na verdade, eu deveria estar fazendo outra coisa. Algo que precisa da minha atenção, algo que preciso finalizar. M...

Mas tem que ser assim

Não sei o que dizer. Na verdade eu não deveria saber o que dizer, afinal. Eu deveria saber. Deveria ter pensando e ter planejado isto. Cada maldito detalhe, cada mínima possibilidade que pudesse me romper, que pudesse se infiltrar. Poderia ter sido previsto. A única coisa com a qual não contava era com você. Daqui a exatamente oito dias a sua voz vai entrar em minha mente, penetrando cada ferida, cada pequena parte de mim que você fez questão de rasgar. Os meus planos irão todos fundir-se com a sua verdade e em pouco tempo eu estarei dominada por algo que não sei como e não sei de onde vem e me arrebata para longe, para três anos e onze meses atrás, quando tudo era azul e o sol brilhava dentro de mim espontaneamente. O que me pergunto na verdade é: eu deveria saber que você me traria tanta dor? Te pergunto e você diz que só sei te culpar. Mas depois de tanto tempo consegui refletir mais tranquilamente sobre. A culpa é algo que não existe. Diante de tantas razões que procurei enco...

Se cuida, tá?

"Então tá bom, boa noite. Se cuida, tá?". Eu gosto das palavras por muitos motivos, alguns que provavelmente só fazem sentido para mim, e tudo bem. Um deles é o fato de caber tanta coisa dentro de uma única palavra. Já parou para pensar? E dentro de uma frase? Meu Deus! Cabe um universo inteiro e outro e outro, infinitas possibilidades. A gente é meio acomodado e acaba se contentando com o mais óbvio, o mais fácil, o que já está ali mastigado, é só engolir. Eu não. Tem uns dias que o mundo está quieto. Os sons já não são mais os mesmos, nem mesmo os assobios do vento, ou o cair das águas batendo nas pedras. A gente nunca teve que dizer tanto "se cuida, tá"? E ali dentro cabe a preocupação, cabe os medos, a vontade de estar perto, de fazer mais do que consegue fazer quando se está do outro lado da tela, porta, parede, mundo. Tem também muita esperança, uma certeza sem origem conhecida de que vai ficar tudo bem. E vai mesmo, mas a gente fala para tornar verdade. Nin...