Raios amarelados riscavam o meio deles e me rasgavam de
dentro para fora. Enquanto isso um azul enigmático afogava todo o resto e
inclusive a mim mesma. Eram seus olhos. Os mesmos que hoje eu culpo pela minha desgraça, pela minha dor e pela minha vitória. Foram! E será que foram eles que me enfeitiçaram? Taí essa mania que temos de culpar algo ou alguém. Neste caso você não tinha tanta força para fazer o que fez e no fundo eu mesma me culparia se te julgasse por inteiro. Justamente por isto prefiro me ater a eles, ou elas... tuas bolinhas de gude tão graciosas e vulneráveis. Ok... não tão vulneráveis assim. Hum, nem um pouco vulneráveis.
Eu a quis mais do
que tudo. Quis dela aquilo que lhe entregava até, as vezes, sem querer.
Precisei do seu colo, seus sorrisos e da sua voz. Queria fazê-la feliz e ela
por sua vez, também queria ser. Pensava nela todos os dias e ela, para variar,
também.
Ao me olhar no
espelho o reflexo mostrava apenas o que os olhos permitiam ver, apenas o que o
coração sussurrava, sorrateira e sensualmente.
Eu a amei
sozinha. Carreguei o céu e as estrelas para iluminar suas noites. Pisei em
cacos de vidros com pés descalços para lhe buscar. Vivi por mim e por ela; uma
vida onde todo o oxigênio que transitava em meu pulmão pertencia-lhe. Ela viveu sob
a minha pele e eu fingi que não doía.
Eu lhe mostrei
meus medos e angustias e ela jogou com eles, tornou-os seu brinquedos prediletos
e eu apenas me permiti acreditar na cura.
A menina era tudo
para mim e para si mesma, e simplesmente se bastava.
Ai quer saber? Basta.
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