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Starting From The End


Soulmate - Natasha Bedingfield ♪

Fechar os olhos parece ser a maneira mais fácil de chegar lá. No ponto onde dói, onde machuca e incomoda. É difícil até para mim que estou acostumado com as palavras, descrever o que sinto. Taí uma mistura de angustia, confusão e paixão. Três pequenas coisas que se tornaram tão grandes em questão de horas que, no momento, acho que não sei ser e não consigo ser mais nada além disso: angustiado, confuso e apaixonado. 

Da última vez pensei comigo que talvez nunca mais fosse deixar alguém colorir o jardim onde ela andou. E por muito tempo foi tranquilizante acordar todos os dias com a certeza: "eu nunca mais vou amar ninguém". Porque junto com essa certeza eu sabia (ou achava que sabia) que a dor estava longe. Num lugar escuro e sombrio, afastada do meu tão rasgado e maltratado coração. 

Mas daí um dia eu acordei com medo. Medo de ser verdade. E se eu nunca mais voltasse a ser capaz de sorrir porque a outra pessoa sorriu? E se eu não conseguisse mais sentir o sangue quente e borbulhando só de ver a pessoa se aproximando? Como seria nunca mais amar? Então eu entendi: meu medo na verdade era nunca mais ser amado. É simples, eu explico: ela teve todos os defeitos, ela foi a pior pessoa, mas amou. Me amou. Do jeito errado e mentiroso dela mas amou e me fez feliz. O medo era não reconhecer mais essa felicidade. 

Mas um temor é sempre vencido pelo outro e eu temia muito mais amar do que não ser feliz. Dói mais sofrer do que estar sozinho. Eu acho pelo menos. É, porque na altura do campeonato que eu estou "amar e sofrer" tem muito mais em comum do que só o fato dos dois serem verbos. 

Essa confusão e temor me tornaram uma pessoa que sorri par amim no espelho e que dorme comigo mas não sou eu. Essa pessoa é fria e sistemática. Ontem eu acordava imaginando como seria bom começar algo com alguém e degustar dos mares profundos que encontraria em seus olhos. Hoje acordo pensando em como vai acabar. Em como "eu e você" vamos ferra com tudo e como isso vai me rasgar de dentro para fora, me destruindo ou te destruindo. Imagino como vou me sentir novamente a pior pessoa do mundo, e em quantos copos de bebida eu vou afogar você, seus beijos e as vezes que disse que me amava. Penso em quantas lágrimas vão precisar cair até eu me sentir seco de novo. E quantas bocas e corpos eu vou ter que beijar e acariciar só para lembrar a mim mesmo que e é a porcaria do seu corpo que eu quero e a porra dos seus beijos que eu espero. 

Fecho os olhos e parece a maneira mais rápida de chegar lá. No fim terrível que "eu e você" teremos. Daí quando abro eu penso que é melhor que "eu e você" não exista. Mesmo que só "eu" seja muito egoísta e medroso da minha parte. Mas, o problema é que tudo isso está só na minha cabeça, porque enquanto eu escrevia esse texto você já veio e eu, já me apaixonei. Que droga! 

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