Você me
segurou pela mão e apertou de leve, fazendo um arrepio tímido subir pela minha
nuca. Passou meu braço ao redor da sua cintura e no instante seguinte já me
sentia viciada pelo cheiro dos seus cabelos escuros e bem mais curtos do que
eram quando te conheci. Sua pele branca era macia como eu sempre imaginei que
fosse, porém ainda mais. E os seus lábios rosados insistiam em sempre
aproximar-se demais do meu rosto causando um verdadeiro redemoinho no meu
peito, onde certezas e incertezas misturavam-se homogeneamente. Em qual parte
dos meus sonhos você tinha se perdido mesmo? Uma sensação esquisita. Era
basicamente o que sentia. Como se os meus pés não estivessem tocando o chão e
eu tivesse perdido todas as armas, aquelas que criei para me proteger de
você e que simplesmente deixaram de existir quando sua
voz ecoou dentro de mim, e a ouvi dizer baixinho "calma, é só um
abraço". O meu corpo tremia e a cabeça girava tão rápido que tive a
impressão de que perderia os sentidos a qualquer momento. Calma?
Quantas vezes? Quantas vezes você me pediu para não voltar. Para
esquecer o passado? Mas quando os seus olhos encontraram os meus foi inevitável
aquele mergulho. O azul no qual eu me encontrava lembrou o oceano e nesta
altura as ondas já haviam me arrematado. Pude ver nele toda a minha vida, e
como você conseguiu habilidosamente colocá-la de pernas para o ar. Até hoje me
pergunto, como? Por quê? Onde eu realmente estava quando precisei de mim? E a
resposta parece doce, estava amando.
"Você não é mais a mesma" você disse. Desde o começo da conturbada história, aonde eu e você
deixamos de se protagonistas, me coloco no lugar de uma espécie de massa,
absolutamente moldável, flexível, disposta a ser como e o que você desejar,
desta forma preciso concordar com sua afirmação. Não era mais a mesma todos os
dias, pois a cada maldita manhã fazia questão de engolir as suas verdades e
esconder as minhas, acreditando que eu não fazia nada além de tão somente estar
amando. Muito mais a você do que a mim, percebo hoje. Porém infelizmente não
foi a tempo e acabei sufocando tudo que com tanto amor e obsessão havia
construído e você como já não fazia parte das páginas da nossa história me
acordava violentamente me fazendo crer que pequenas paixões e a então monogamia
são e não são por excelência a sua essência.
Um verdadeiro labirinto se abriu
dentro do meu peito e eu, cega de dor e de amor sentei ao meio dele, o mais
perdida possível para escrever uma retórica, a retórica do desespero, do
sufoco, da angústia, da sede, da fome e da morte tão silenciosa e agonizante,
ainda podendo enxergar a beleza naquilo e dedicar cada lágrima de sangue, cada
grito não dado e cada beijo roubado a você, meu amor. Por ele caminhei tanto
tempo que esqueci que nele estava e que procurava uma saída. Então o pior
chegou: a acomodação. Não se deve acomodar a dor e nem se contentar com os
erros, no meu caso foi engraçado, pois a dor acomodou-se a mim e os erros...
Bom, uma história a parte eu diria. Convivia com ela tendo a certeza de que a
melancolia nos lábios era algo puro e que fazia parte. Você havia partido e a
minha música tocava a procura de alguém que pudesse dançá-la.
O tempo correu cruelmente, como
sempre, e aos poucos fui, sem perceber, saindo daquele lugar escuro e frio onde
as cores eram basicamente pretas e brancas e onde você era um fantasma. Voltar
foi dolorido, não queria te deixar lá, mas precisei e quando finalmente vi
minha garganta livre da angustia e do aperto que sua lembrança me provocava sua
presença tomou conta das nossas páginas novamente, como um furacão que vem
devastando tudo que vê pela frente, desmontando todas as peças que tanto custei
a colocar no lugar. E então você disse: ‘Estou aqui não estou?’ E respondi:
‘Finalmente’, ainda não acreditando. O desespero cessou e o seu sorriso
foi fotografado pelos meus olhos. E agora, embora acredite na contradição
involuntária, apesar de tudo e ainda assim não me vejo fazendo nada além de tão
somente algo doce: amar.
Espero que essa "volta ao passado" te faça bem... É dolorido sim, mas construa com isso, vc consegue :)
ResponderExcluirAh obrigada! É, tem feito bem sim embora seja dolorido como você disse mas no final dá tudo certo, assim espero! (:
ResponderExcluirReviver, é viver...mais commnents...bom nem preciso!
ResponderExcluirSempre. Haha não fode o barraco Nathália. HAUHAUIHUA é eu sei!
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